terça-feira, 26 de outubro de 2010

Despreparo afeta acesso de cadeirantes

Tetraplégico há nove anos, Alessandro Avelar diz que motoristas e cobradores não são capacitados para operar as rampas de elevação.

Insatisfeito com o atendimento aos portadores de deficiência física no transporte coletivo mogiano, o vice-presidente do Centro de Integração da Pessoa com Deficiência (CIPD), Alessandro Alexandre Avelar, questiona o preparo dos motoristas e cobradores dos ônibus da cidade para atender aos cadeirantes.
De acordo com ele, que é tetraplégico há nove anos e utiliza o transporte público diariamente, apesar da maioria dos ônibus da frota mogiana contar com o elevador especial para a cadeira de rodas, os motoristas e cobradores não são capacitados para operá-lo. Na manhã de ontem, o motorista do coletivo que faz a linha Rodeio via Cabo Diogo Oliver teve problemas para acionar a plataforma eletrônica do elevador quando um passageiro deficiente precisou embarcar, e o ônibus ficou parado por cerca de 30 minutos até que o problema fosse resolvido.


Fonte: Michel Meusburger

Segundo Avelar, a situação se agrava em horários considerados de pico. "Como os motoristas não conseguem manipular corretamente o mecanismo do elevador, os demais passageiros ficam irritados e reclamam da demora em prosseguir a viagem", contou Avelar. Ele diz que os problemas são variados. "As rampas de elevação travam, os cintos de segurança muitas vezes não funcionam e a população não é educada para compreender as dificuldades de um deficiente físico". Avelar afirmou que a falta de utilização e manutenção dos elevadores também prejudicam seu funcionamento. "Os motoristas deveriam fazer um teste diariamente, para verificar se o elevador está funcionando", sugeriu o cadeirante.

Conforme informou a Secretaria Municipal de Transportes, por meio de sua Coordenadoria de Comunicação, os funcionários das empresas de transporte coletivo da cidade recebem treinamento especial para atender tanto aos deficientes quanto aos idosos. "O próximo treinamento, ainda sem data marcada, contará com a participação da Coordenadoria e do Conselho Municipal do Idoso", informou o órgão. "A Coordenadoria é dirigida pela ex-aluna da AACD, Valeriana da Silva Alves, portadora de necessidades especiais. Posteriormente, as entidades que cuidam dos deficientes físicos serão ouvidas, suas propostas analisadas e, possivelmente, incorporadas à acessibilidade da cidade", diz a nota.
A pasta afirma ainda que realiza fiscalizações constantes nas 193 linhas de ônibus da cidade e que 96% da frota conta com equipamento de acessibilidade, com elevadores, espaço para cadeira de rodas e bancos reservados nos veículos. "Somos a cidade com maior acessibilidade no transporte coletivo de todo o País", afirmou a secretaria. "Teremos 100% da frota de ônibus com o elevador para deficientes até 2014", concluiu.

Segundo nota enviada pela CS Brasil, uma das duas empresas responsáveis pelo transporte público na cidade, todos os motoristas e cobradores recebem treinamento anual, teórico e prático, para o atendimento adequado a pessoas portadoras de deficiência ou mobilidade reduzida e para operar o equipamento para o embarque de cadeirantes. "A empresa mantém uma frota de 112 ônibus em circulação na cidade de Mogi das Cruzes, sendo que 99 veículos são adaptados. A acessibilidade total é uma das metas da CS Brasil, que deverá ter a frota de Mogi das Cruzes 100% adaptada até o fim deste ano, muito antes do prazo exigido pela legislação federal, que é 2014", diz a nota.
Procurada pela reportagem, a Princesa do Norte, outra empresa que atua em Mogi, não se manifestou até o fechamento desta edição.

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Fonte: Guilherme Peace -  MOGI NEWS, 19 de outubro de 2010 - Disponível em:
http://www.moginews.com.br/materias/?ided=998&idedito=1&idmat=75840

Um comentário:

  1. Oi! Pois então, esta é uma triste realidade que acontece em muitas cidades do nosso país. Na maioria delas não há sequer veículos para transporte coletivo adaptado (as vezes nem transporte coletivo tem). Mas é o cúmulo as cidades em que há empresas que fazem tal tipo de transporte, contar com carros adaptados e não dar o devido treinamentos aos seus funcionários, sejam eles motoristas ou cobradores. E claro, a questão de verificar se todos os dispositivos estão funcionando perfeitamente é o básico, que muitas vezes não acontece.
    Na minha cidade, Rio do Sul - SC, a empresa que faz o transporte coletivo adquiriu alguns ônibus com plataforma, a questão é, será que os funcionários estão treinados para utilizar os equipamentos? Será que funciona? São realizados testes antes do carro deixar a garagem?

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