quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Tecnologia promete independência a deficientes

Em um país com aproximadamente 24,5 milhões de portadores de alguma deficiência, segundo o IBGE, as inovações tecnológicas assumem um papel importante e garantem maior qualidade de vida para essa parcela da população. Um software grátis para navegação em computador, um sistema de direção para tetraplégicos, uma cadeira do sexo (imagem ao lado) e um aparelho auditivo adaptável são as últimas novidades da área.

Dois exemplos recentes são o HeadMouse e o Teclado Virtual, desenvolvidos pela Indra, permitem que os portadores de necessidades especiais mexam no computador com leves movimentos de cabeça e até mesmo com um piscar de olhos.

A gerente de comunicação da empresa, Fabiana Rosa, explica como funciona o programa, que é gratuito. “Você faz o download dos softwares, instala no computador e a webcam vai enxergar os movimentos faciais do usuário e permitir que ele conduza o cursor”.

Para ter o sistema, basta possuir um computador e uma webcam. “O deficiente só vai precisar da ajuda de uma pessoa para baixar o aplicativo e clicar pra inicializar a instalação. A partir daí, ele tem total autonomia”, disse Fabiana.
Essa independência também pode ser alcançada pelos tetraplégicos. Um novo sistema de direção permite que os deficientes com pouquíssimos movimentos de braço e nenhum de perna dirijam. O instalador Eduardo Aparecido, da Cavenaghi, empresa que desenvolve a adaptação, explica: “A pessoa consegue dar seta por meio de botões instalados no banco. A partida do carro e o freio de mão também são acionados por meio de um botão”. O tetraplégico ainda pode movimentar o volante encaixando o punho em uma espécie de alça.

Esse lançamento pode ser usado junto a uma cadeira especial para os deficientes, que já existe há três anos no Brasil. Com ela, é possível sair do carro e ser transportado para a cadeira de rodas, sem precisar de auxílio.
Maria Luiza Cury, 63, paraplégica, comprou a cadeira, chamada de “Chair Topper”. “A pessoa não vai precisar me levantar da cadeira para me colocar no banco. Esse já faz tudo direto”, comemora.

Mas o preço dessas novidades nem sempre é acessível a todos. Maria Luiza pagou R$ 22 mil no aparelho e espera que, com o tempo, esse cenário mude. “Acho que tende a diminuir por causa da concorrência. Hoje só uma empresa faz isso, pode ser que amanhã duas ou três também façam o mesmo equipamento.”

Intimidade
Não é só possibilitando o acesso ao computador e a automóveis que a tecnologia se destaca. Esses avanços também contribuem para melhorar a vida sexual dos deficientes.
Um conjunto, formado por uma cadeira e uma pequena cama, chamado de Intimate Rider, minimiza o esforço do deficiente no momento do sexo.

O cadeirante João Antônio Pontes descobriu a novidade na internet e conta por que decidiu trazer para o Brasil. “A pessoa que tem uma lesão não tem movimento de tronco e de quadril, então, na hora do amor, dificulta muito para satisfazer a parceira. Ela trabalha mais do que nós, isso a deixa cansada e, com o tempo, até desanimada”.

Pontes já testou o equipamento e aprovou o resultado. Segundo ele, a cadeira se movimenta praticamente sozinha. “Ela parece uma cadeira de balanço. O cadeirante senta na cadeira, apoia as pernas no chão e, sem esforço nenhum, a movimenta. A parceira fica na cama que vem junto, em que ela se adapta da maneira que preferir”.

Deficiência auditiva
As pessoas com problema de audição também terão, a partir de junho, um novo aparelho auditivo – o Fuse, do Grupo Microsom. O grande diferencial do produto é que o paciente não precisa fazer uma pré-moldagem antes de usar o equipamento.
A fonoaudióloga da empresa, Patrícia De Rissio, explica por que o Fuse permite essa facilidade. “Ele tem um formato universal e a ponta dele é flexível. Essa flexibilidade faz com que o aparelho se adapte aos diferentes formatos de conduta auditiva, que é justamente o canal da orelha que leva a informação sonora”.

Os aparelhos sem essa tecnologia costumam levar uma semana para ficar prontos. Mas Patrícia garante que esse tempo deixa os pacientes frustrados. “A gente tem visto que a pessoa às vezes demora anos para admitir essa deficiência e procurar um médico. Para nós, uma semana não é nada, mas para ele, que está ansioso e até mesmo receoso, é um tempo considerável”.

Segundo a fonoaudióloga, o Fuse ainda não tem preço definido, mas será categorizado como um aparelho intermediário, com valor que deve ficar no meio da faixa que vai de R$ 2 mil e R$ 9 mil.

O equipamento também conta com um programa automático de adaptação ao ambiente, já encontrado em outros aparelhos auditivos. O classificador sonoro analisa o local e diminui ou aumenta o ruído existente automaticamente, para permitir que a pessoa entenda tudo que está a sua volta.

Todas essas novidades foram apresentadas na Reatech 2010 – IX Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade, que esteve aberta entre 15 e 18 de abril, em São Paulo.

Saiba onde encontrar os produtos:
HeadMouse e Teclado Virtual
Indra – r. Alexandre Dumas, 2200, 6º andar, São Paulo. Tel: 5186-3000
www.tecnologiasaccesibles.com

Adaptação de veículos
Cavenaghi - http://www.cavenaghi.com.br/

Intimate Rider – Cadeira do sexo
João Pontes – joão_pontes@globo.com. Tel: (13) 7802-8973

Fuse – Aparelho auditivo
Grupo Microsom – http://www.microsom.com.br/ Tel: 0800-11-64-91

Fonte: http://www.metodista.br/
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Fonte: DEFICIENTE CIENTE, O Blog da Inclusão e da Cidadania - 04 de maio de 2010 - Disponível em: http://www.deficienteciente.com.br/2010/05/tecnologia-promete-independencia.html

Pesquisa: 77% dos deficientes cobram respeito aos direitos

O levantamento mostrou que prédios públicos estão mais adaptados para os deficientes físicos. Mas as ruas e calçadas são o grande entrave para eles.


Pessoas com deficiência estão sem os direitos respeitados no País: é a opinião de 77% dos 1.165 portadores entrevistados numa pesquisa sobre a condição de vida dos deficientes no Brasil, preparada pelo DataSenado, entre 28 de outubro e 17 de novembro deste ano. O estudo foi elaborado a partir do cadastro do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD), com 10.273 registrados.


“As pessoas se sentem sem acesso aos serviços, desrespeitadas no seu direito de ir e vir. O importante é que estão percebendo isso. Porque o preconceito ficou tão natural, como quando um deficiente físico é carregado para entrar no ônibus que não tem elevador, que as pessoas não percebem como preconceito”, observou a superintendente do IBDD, Teresa Costa D’Amaral.

O levantamento mostrou que prédios públicos estão mais adaptados, com 18% respondendo que a maioria tem acesso, do que os comerciais: 12% de respostas favoráveis. Mas, as ruas e calçadas são o grande entrave para a locomoção: 87% disseram que poucas ruas ou nenhuma via está adaptada na sua cidade. Quatro em cada 10 entrevistados deixaram de ir a algum lugar porque faltava adaptação na estrutura física.
Essa falta de adequação também compromete o lazer: 64% dos deficientes físicos e 51% dos cegos gostariam de praticar esportes, mas isso é dificultado por falta de acesso; 25% dos surdos gostariam de ir ao teatro; e 23% dos deficientes visuais iriam ao cinema, se as salas fossem adaptadas.

Atuação
O estudo aponta ainda que falta atuação mais firme do Estado na prevenção e tratamento aos deficientes: 64% consideraram que a prevenção de doenças que leva a deficiências são pouco eficientes. “A pesquisa mostra que os deficientes auditivos se sentem mais discriminados. Eles ficam mais isolados”, afirmou Teresa. “Hoje, uma prótese auditiva leva três anos para ser concedida. Quando a criança recebe, passou o primeiro momento da comunicação. Ela já fica com defasagem. É o total desrespeito”.
De acordo com o levantamento, 43% dos entrevistados disseram se sentir discriminados no ambiente de trabalho e o índice chega a 63% ente os surdos e 44% entre os cegos.

Dos entrevistados, 759 são deficientes físicos, 170 visuais e 236 auditivos. A pesquisa foi elaborada por telefone. Surdos responderam por e-mail, depois de receberem mensagem, com um filme explicativo sobre o estudo, com intérprete da linguagem de sinais. “Queríamos que ficasse o mais parecido possível com a entrevista por telefone”, explicou Teresa. (das agências de notícias)

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA
O drama que a pesquisa aponta está refletido no cotidiano das cidades brasileiras, que, de fato, expõe a falta de preocupação, de autoridades e de cidadãos, com a parcela populacional que exige cuidados especiais de todos para terem uma vida normal. Minimamente normal. 
  
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