quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Terapias com uso de células-tronco em ortopedia é realidade no Brasil

Rio - Em palestra ministrada na última terça-feira para um grupo de ortopedistas no Rio de Janeiro, o biólogo e professor da UFRJ, Dr. Radovan Borojevic, apresentou estudos e casos clínicos que comprovam a eficácia de tratamentos com o uso de células-tronco adultas mesenquimais - tipo de célula importante no processo de cicatrização.

O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor técnico-científico do laboratório Excellion, Dr. Radovan Borojevic comandou palestra sobre bioengenharia e terapias celulares nesta terça-feira, 26 de outubro, para um grupo dos principais ortopedistas do Rio.

A apresentação, realizada na ABBR (Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação), contou com a presença de cerca de 20 renomados profissionais da ortopedia brasileira.  Nomes como João Granjeiro Neto, especialista em ortopedia e diretor-médico do Comitê Olímpico Brasileiro, e Hans Dohmann, atual secretário municipal de saúde do Rio, estiveram presentes.

O professor iniciou sua apresentação falando sobre medicina regenerativa. De acordo com o especialista em terapia celular, ela tem como principal objetivo o reparo, a melhoria e até mesmo a cura de doenças causadas por trauma ou por degeneração.

“Tratamentos realizados a partir da própria célula do paciente já são realizados no Brasil e no resto do mundo, inclusive no segmento de ortopedia. As células-tronco adultas mesenquimais são naturalmente capazes de realizar reparo e regeneração de tecidos e, portanto, os resultados da aplicação em pacientes são excelentes”, explicou.

O especialista falou ainda sobre as possíveis fontes de células-tronco adultas e as possibilidades de uso e tratamentos. “A medula óssea e o tecido adiposo são ótimas fontes de células-tronco adultas. Elas podem ser coletadas, cultivadas, manipuladas e aplicadas em pacientes para diferentes fins. As células mesenquimais podem reparar músculos, tendões, cartilagem, osso, sistema nervoso, entre outras possibilidades”, disse Dr. Borojevic.

O biólogo também explicou o processo de funcionamento e de diferenciação das células-tronco adultas: “As células-tronco mesenquimais têm a capacidade de se diferenciar de acordo com o ambiente tecidual em que são aplicadas. Elas não formam ossos onde não deveriam formar. Isso já foi comprovado e nos deixa tranqüilos e seguros para avançarmos ainda mais com as terapias celulares”, contou.

Segundo Dr. Radovan, já foram realizados no Brasil tratamentos celulares em diversos casos como em pacientes que sofriam de necrose da cabeça do fêmur, falha de reparo de fratura de osso, e também em reparo de cartilagem. Todos apresentaram resultados muito positivos, principalmente quando comparados às terapias ortopédicas convencionais.

“Em vários países, tratamentos com o uso das células-tronco adultas já estão sendo realizados com sucesso. No Brasil, as terapias celulares também já estão em franca expansão, inclusive na área da ortopedia. E o que pouca gente sabe é que temos um laboratório brasileiro autorizado pela Anvisa a manipular essas células para uso humano, portanto já estamos vivenciando esta realidade”, finalizou o biólogo.

A palestra contou também com a participação da professora Tatiana Coelho Sampaio, da UFRJ, convidada pelo especialista para apresentar algumas propostas de terapias celulares já em desenvolvimento. De acordo com a bióloga, estudos de tratamentos de lesões raqui-medulares agudas em modelos experimentais já estão sendo realizados no Brasil com sucesso. Dra. Tatiana Sampaio apresentou alguns exemplos de pesquisas já feitas pela equipe de terapia celular da UFRJ, com casos de recuperações funcionais após oito semanas de aplicação.

No fim da palestra, o secretário municipal de saúde do Rio de Janeiro, Dr. Hans Dohmann, também comentou as terapias celulares, enquanto médico e entusiasta de novos avanços científicos. Para Hans, a biotecnologia tem impacto clínico muito relevante.

“Milhares de pacientes já foram submetidos a terapias celulares com o uso das células-tronco adultas, e até hoje não foi registrado nenhum efeito adverso. Isso atesta a segurança dessas terapias e aumenta ainda mais minhas expectativas. A biotecnologia certamente é um grande avanço clínico mundial. Ela aumenta a qualidade de vida da população e diminui também o custo de tratamentos de saúde ao longo da vida dos pacientes”, finalizou o secretário.

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Fonte: O DIA <online> - , 27 de outubro de 2010 - Disponível em:
http://odia.terra.com.br/portal/cienciaesaude/html/2010/10/terapias_com_uso_de_celulas_tronco_em_ortopedia_e_realidade_no_brasil_120189.html

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